O oceano cumpre um papel fundamental no sistema climático terrestre. Em escala de tempo geológica, carbono se acumula em sedimentos no fundo do oceano - entre outros, por meio do transporte de material pelos sistemas fluviais, ou pela absorção de dióxido de carbono - CO2 - da atmosfera.
Devido ao movimento das placas tectônicas, em pontos de subducção - locais onde duas placas se encontram e uma delas se move em direção ao interior do planeta -, depósitos de sedimentos ricos de carbono são transportados para o manto terrestre.
Esse fluxo para o manto constitui uma retirada de carbono do sistema climático. Acredita-se que, ao longo da história geológica da Terra, a retirada de carbono tenha exercido influência sobre as concentrações atmosféricas de CO2. Ela contribuiu para a diminuição do CO2, empurrando o planeta para fases de glaciação.
Estudo de um time internacional de cientistas identificou que os terremotos podem ter um papel importante para o transporte de carbono no fundo dos oceanos. Eles realizaram o primeiro levantamento detalhado da batimetria e de núcleos de sedimentos de uma fossa oceânica.
Quando duas placas tectônicas convergem e uma delas se move para o interior do manto terrestre, podem-se formar fossas oceânicas. Os cientistas investigaram a fossa do Japão, cuja profundidade é de aproximadamente 8 quilômetros.
De acordo com o estudo, as encostas íngremes e o isolamento facilitam o acúmulo de matéria orgânica nas fossas oceânicas. Uma vez sepultado, a matéria é então transportada para o manto junto com o movimento da placa tectônica. Todavia, havia pouca informação a respeito da quantidade de carbono depositado nesses locais.
Uma pesquisa anterior detectara a influência de um terremoto no fundo do mar sobre o carreamento de sedimentos para o fundo da fossa do Japão. Para definir a quantidade de sedimento e carbono depositado depois do terremoto, o estudo realizou um mapeamento de alta resolução.
Incluiu-se a análise de diversas amostras de sedimento, por toda a extensão da fossa do Japão - mais de 800 quilômetros. O levantamento cobriu o período entre 2012 e 2016.
Estimativas sugeriam que o fundo dos oceanos contem 150 bilhões de toneladas de carbono. Anualmente, são depositados adicionais 170 milhões de toneladas. Somente os sistemas fluviais transportam dos continentes para o mar entre 0,2 e 0,5 bilhões de toneladas de carbono todos os anos.
A maior parte do carbono se acumula nas plataformas continentais. Menos de 5% alcança o fundo das fossas oceânicas. Assim, processos que transferem o carbono das plataformas continentais para os abismos do oceano podem cumprir um papel relevante no fluxo do carbono, apontaram os cientistas.
No caso da fossa do Japão, eles descobriram que o terremoto de 2011 movimentou mais de 1 milhão de toneladas de carbono orgânico dos vales submarinos para o fundo da fossa. Representou um volume comparável aos fluxos de outros processos do sistema terrestre.
Grandes terremotos podem exercer influência no transporte de carbono para as fossas oceânicas, concluiu o estudo. E, com isso, também no ciclo de carbono global.
Mais informações: KIOKA, A. et al. Megathrust earthquake drives drastic organic carbon supply to the hadal trench. Scientific reports, v. 9, n. 1, p. 1553, 2019.
Imagem: Wikimedia
Devido ao movimento das placas tectônicas, em pontos de subducção - locais onde duas placas se encontram e uma delas se move em direção ao interior do planeta -, depósitos de sedimentos ricos de carbono são transportados para o manto terrestre.
Esse fluxo para o manto constitui uma retirada de carbono do sistema climático. Acredita-se que, ao longo da história geológica da Terra, a retirada de carbono tenha exercido influência sobre as concentrações atmosféricas de CO2. Ela contribuiu para a diminuição do CO2, empurrando o planeta para fases de glaciação.
Estudo de um time internacional de cientistas identificou que os terremotos podem ter um papel importante para o transporte de carbono no fundo dos oceanos. Eles realizaram o primeiro levantamento detalhado da batimetria e de núcleos de sedimentos de uma fossa oceânica.
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| A seta branca mostra a zona de subducção no encontro de duas placas tectônicas. Na superfície de uma delas, forma-se uma fossa oceânica. Fonte: Casa das ciências. |
Quando duas placas tectônicas convergem e uma delas se move para o interior do manto terrestre, podem-se formar fossas oceânicas. Os cientistas investigaram a fossa do Japão, cuja profundidade é de aproximadamente 8 quilômetros.
De acordo com o estudo, as encostas íngremes e o isolamento facilitam o acúmulo de matéria orgânica nas fossas oceânicas. Uma vez sepultado, a matéria é então transportada para o manto junto com o movimento da placa tectônica. Todavia, havia pouca informação a respeito da quantidade de carbono depositado nesses locais.
Uma pesquisa anterior detectara a influência de um terremoto no fundo do mar sobre o carreamento de sedimentos para o fundo da fossa do Japão. Para definir a quantidade de sedimento e carbono depositado depois do terremoto, o estudo realizou um mapeamento de alta resolução.
Incluiu-se a análise de diversas amostras de sedimento, por toda a extensão da fossa do Japão - mais de 800 quilômetros. O levantamento cobriu o período entre 2012 e 2016.
Estimativas sugeriam que o fundo dos oceanos contem 150 bilhões de toneladas de carbono. Anualmente, são depositados adicionais 170 milhões de toneladas. Somente os sistemas fluviais transportam dos continentes para o mar entre 0,2 e 0,5 bilhões de toneladas de carbono todos os anos.
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| A ilustração mostra a topografia da fossa oceânica do Japão. As barras representam o volume de sedimento transportado pelo terremoto. Fonte: figura 4 do estudo. |
A maior parte do carbono se acumula nas plataformas continentais. Menos de 5% alcança o fundo das fossas oceânicas. Assim, processos que transferem o carbono das plataformas continentais para os abismos do oceano podem cumprir um papel relevante no fluxo do carbono, apontaram os cientistas.
No caso da fossa do Japão, eles descobriram que o terremoto de 2011 movimentou mais de 1 milhão de toneladas de carbono orgânico dos vales submarinos para o fundo da fossa. Representou um volume comparável aos fluxos de outros processos do sistema terrestre.
Grandes terremotos podem exercer influência no transporte de carbono para as fossas oceânicas, concluiu o estudo. E, com isso, também no ciclo de carbono global.
Mais informações: KIOKA, A. et al. Megathrust earthquake drives drastic organic carbon supply to the hadal trench. Scientific reports, v. 9, n. 1, p. 1553, 2019.
Imagem: Wikimedia



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