A calota polar da Groenlândia emite metano

Uma das geleiras da calota polar da Groenlândia emite grandes quantidades de metano - CH4 -, um poderoso gás de efeito estufa, detectou estudo de cientistas de universidades da Dinamarca. A descoberta foi realizada durante uma expedição de campo em 2016.

Uma das teorias da ciência é que as grandes massas de gelo podem armazenar importantes quantidades de metano. Dessa forma, a desintegração das massas de gelo devido ao aquecimento global poderia provocar emissões do gás, elevando as suas concentrações atmosféricas.

As maiores concentrações intensificariam o efeito estufa. Com isso, uma quantidade maior de energia seria acumulada pelo sistema climático, gerando um aquecimento ainda maior.

Sedimentos presentes sob as calotas polares e geleiras, bem como a água derretida, tinham potencial para produção e emissão de metano permanecia uma hipótese. Além disso, pesquisas anteriores encontraram reservatórios do gás sob a camada de gelo, cuja estabilidade poderia ser afetada pelo derretimento.

De acordo com o estudo, no Ártico foram obtidas evidências diretas de emissões de metano por zonas úmidas terrestres - como a região de solos congelados - e por fontes submarinas. Mas observações diretas de emissões de metano pelas massas de gelo não haviam sido documentadas.

Os cientistas realizaram a primeira medição das emissões de uma geleira da calota polar da Groenlândia. Foram periodicamente monitoradas as concentrações de metano e de dióxido de carbono - CO2 - do fluxo de ar proveniente de uma cavidade subglacial.

O estudo identificou que o ar proveniente do interior da calota polar apresentava concentrações de metano consistentemente maiores do que a concentração atmosférica. As concentrações de CO2 se variaram em torno do nível atmosférico.

A partir dos resultados, os cientistas estimaram que, no local do monitoramento, o fluxo de emissão de metano ficou entre 3,1 e 134 gramas por hora.

O processo pelo qual o metano foi produzido e a fonte de emissão permanecem desconhecidos. O estudo se limitou a realizar as primeiras observações de emissões diretas da calota polar da Groenlândia.

Esse componente de emissão de metano não havia sido ainda quantificado pela ciência em seus cálculos de emissões de gases de efeito estufa. Todavia, compreender melhor o papel das emissões do gelo para o sistema climático dependerá de mais pesquisas.

É preciso obter medições mais abrangentes espacial e temporalmente em toda a Groenlândia. E investigar os mecanismos e fontes por trás das emissões.


Mais informações: Christiansen, J. R., & Jørgensen, C. J. (2018). First observation of direct methane emission to the atmosphere from the subglacial domain of the Greenland Ice SheetScientific reports8(1), 16623.
Imagem: figura 2 do estudo - localização da área de monitoramento na Groenlândia

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