A margem nordeste da calota polar da Groenlândia, compreendendo mais de 600 quilômetros de comprimento e 12% do volume de gelo total, variou significativamente de tamanho nos últimos 45 mil anos. A descoberta foi apresentada em estudo de cientistas da Dinamarca e dos Estados Unidos.
O estudo sugere que a margem nordeste da calota polar foi menor do que o observado atualmente por aproximadamente metade dos últimos 45 mil anos. Pequenas alterações no sistema climático foram capazes de levar a significativas mudanças na extensão do nordeste da calota polar.
Dessa forma, a região pode ser mais instável do que o esperado, com séria implicações em um futuro de acelerado aquecimento global.
Três geleiras do nordeste da Groenlândia foram investigadas pelos cientistas. Por meio da análise da geologia do substrato rochoso, sobre o qual o gelo flui, buscou-se informação a respeito do avanço ou do retrocesso das geleiras no passado.
O método se baseou no levantamento das concentrações de berílio-10 presente nas rochas. O berílio-10 é um elemento criado quando a rocha fica exposta diretamente a raios cósmicos. O bombardeio dos raios deixa uma impressão digital, a partir da qual os cientistas reconstruíram as condições ambientais locais ao longo de milhares de anos.
As informações obtidas no substrato rochoso foram combinadas com aquelas retiradas de fósseis de conchas de animais marinhos, cuja idade se verificou por meio de datação de radiocarbono.
Segundo o estudo, o nordeste da calota polar da Groenlândia atravessou grandes flutuações da margem de gelo nos últimos 45 mil anos. Ela avançou entre 250 a 350 km além da posição atual durante o ápice da última glaciação, e experimentou dois momentos de retração.
A flutuação da margem da calota polar foi atribuída à mudança orbital e às temperaturas do verão. Alterações na geometria da órbita terrestre levaram a mudanças na distribuição da radiação solar, colocando fim à glaciação.
A temperatura da atmosfera e da água do oceano aumentou. Como resposta, a margem de gelo no nordeste da calota polar da Groenlândia recuou, chegando a ficar cerca de 70 km menor do que os níveis atuais.
Todavia, no período entre 41.000 e 26.000, o planeta ainda se encontrava no ciclo da glaciação. O estudo aponta que a margem era entre 20 e 40 km menor do que o nível atual. A causa estaria nas temperaturas do ar e na incidência de luz solar durante o verão, um pouco mais elevadas nessa época, combinadas com uma menor acumulação ou fluxo de gelo.
O estudo indica que aquela região da Groenlândia é vulnerável à mudanças climáticas. Os cientistas apontam que o aquecimento global em curso causa um impacto significativo, verificando-se uma fase de rápido recuo do gelo.
Fonte: Universidade do Estado de Oregon
Mais informações: Instability of the Northeast Greenland Ice Stream over the last 45,000 years
Imagem: Unsplash/Tobias-Markmeyer
O estudo sugere que a margem nordeste da calota polar foi menor do que o observado atualmente por aproximadamente metade dos últimos 45 mil anos. Pequenas alterações no sistema climático foram capazes de levar a significativas mudanças na extensão do nordeste da calota polar.
Dessa forma, a região pode ser mais instável do que o esperado, com séria implicações em um futuro de acelerado aquecimento global.
Três geleiras do nordeste da Groenlândia foram investigadas pelos cientistas. Por meio da análise da geologia do substrato rochoso, sobre o qual o gelo flui, buscou-se informação a respeito do avanço ou do retrocesso das geleiras no passado.
O método se baseou no levantamento das concentrações de berílio-10 presente nas rochas. O berílio-10 é um elemento criado quando a rocha fica exposta diretamente a raios cósmicos. O bombardeio dos raios deixa uma impressão digital, a partir da qual os cientistas reconstruíram as condições ambientais locais ao longo de milhares de anos.
As informações obtidas no substrato rochoso foram combinadas com aquelas retiradas de fósseis de conchas de animais marinhos, cuja idade se verificou por meio de datação de radiocarbono.
Segundo o estudo, o nordeste da calota polar da Groenlândia atravessou grandes flutuações da margem de gelo nos últimos 45 mil anos. Ela avançou entre 250 a 350 km além da posição atual durante o ápice da última glaciação, e experimentou dois momentos de retração.
A flutuação da margem da calota polar foi atribuída à mudança orbital e às temperaturas do verão. Alterações na geometria da órbita terrestre levaram a mudanças na distribuição da radiação solar, colocando fim à glaciação.
A temperatura da atmosfera e da água do oceano aumentou. Como resposta, a margem de gelo no nordeste da calota polar da Groenlândia recuou, chegando a ficar cerca de 70 km menor do que os níveis atuais.
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Gráfico da reconstrução da margem do nordeste da calota polar da Groenlândia. Parte superior indica avanço, e a parte inferior, recuou. Fonte: adaptado da figura 3 do estudo. |
Todavia, no período entre 41.000 e 26.000, o planeta ainda se encontrava no ciclo da glaciação. O estudo aponta que a margem era entre 20 e 40 km menor do que o nível atual. A causa estaria nas temperaturas do ar e na incidência de luz solar durante o verão, um pouco mais elevadas nessa época, combinadas com uma menor acumulação ou fluxo de gelo.
O estudo indica que aquela região da Groenlândia é vulnerável à mudanças climáticas. Os cientistas apontam que o aquecimento global em curso causa um impacto significativo, verificando-se uma fase de rápido recuo do gelo.
Fonte: Universidade do Estado de Oregon
Mais informações: Instability of the Northeast Greenland Ice Stream over the last 45,000 years
Imagem: Unsplash/Tobias-Markmeyer
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