A área de influência da BR-163, ligando Cuiabá, no Mato Grosso, a Santarém, no Pará, é um dos principais locais de desmatamento de floresta no Brasil. Estudo de cientistas brasileiros e alemães sugere que a perda dos estoques de carbono da área se acelerou entre 1999 e 2012. O desmate no período seria maior do que o previamente estimado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais - INPE - através do projeto de monitoramento PRODES.
Preservar os estoques de carbono florestal da Amazônia é indispensável para a mitigação do aquecimento global, afirma o estudo. Mas a Amazônia brasileira passou por um período de intenso distúrbio entre a década de 1960 e meados da década de 2000. Estima-se que o desmate na Amazônia Legal alcançou mais de 760.000 km2 até 2014, mais de três vezes o tamanho do estado de São Paulo.
Apesar dos esforços do governo brasileiro terem reduzido significativamente o desmatamento, as taxas de desmate subiram recentemente. Durante a década de 2.000, a quantidade anual de emissões da Amazônia brasileira ficou entre 0,10-0,15 gigatoneladas de carbono.
As emissões de carbono pela vegetação são causadas por outros fatores além do desmate. Um deles é a degradação e a fragmentação da floresta, provocando o chamado 'efeito de borda'. Após o desmatamento, as árvores das extremidades do fragmento florestal remanescente ficam expostas às condições climáticas - como o vento e a luz do sol - e a outros fatores biológicos e químicos.
Sob as novas condições, as árvores da extremidade do fragmento florestal podem morrer. A consequência é uma alteração na estrutura da floresta e na composição das espécies, com redução da diversidade, do porte e diâmetro das árvores, entre outros. O efeito de borda provoca a perda de biomassa e, com isso, também a emissão de gases de efeito estufa.
Os cientistas investigaram as emissões de carbono ao longo de 28 anos na área de influência da BR-163, entre os estados de Mato Grosso e Pará. Combinando o mapeamento da cobertura vegetal da região entre 1984 e 2012 com um modelo computacional da vegetação do INPE, estimaram as emissões históricas causadas tanto pelo desmatamento direto quanto pela fragmentação da floresta e o efeito de borda.
Entre 1984 e 2012, os resultados indicaram que a cobertura florestal foi reduzida em 31% na área de influência da BR-163. Do total de área desmatada, cerca de 27.000 km2 - quase o tamanho de Alagoas -, a maior parte se deu no estado do Mato Grosso. Anualmente, a área desmatada foi em média de 973 km2 , atingindo o pico em 2004, quando a derrubada atingiu 2.172 km2.
A quantidade de fragmentos também subiu consideravelmente ao longo dos anos. Com isso, também subiu a área de floresta exposta aos efeitos de borda. De 584 km2, essas áreas aumentaram quase dez vezes ao longo dos 30 anos avaliados, passando para 5.727 km2 em 2012.
A partir dos dados, foi estimado que a área de influência da BR-163 perdeu 36% da biomassa florestal entre 1984 e 2012. A emissão de CO2 para a atmosfera totalizou 1.571,38 teragramas. As emissões aumentaram até o ano de 2004, quando ocorreu o pico do desmatamento na área, chegando no ano a 103,13 teragramas de CO2. O Mato Grosso representou 65% das emissões totais e o Pará os restantes 35%.
O estudo mostrou a influência da BR-163 no desmatamento regional. Ao longo do período de estudo, a área estudada respondeu por 42% do total de biomassa desmatada em Mato Grosso, mesmo correspondendo a menos de 10% da área total do estado. Além disso, enquanto a taxa de desmatamento na Amazônia brasileira caiu para 70% dos níveis registrados entre 1996 e 2005, essa queda foi de apenas 35% na área de influência da BR-163.
Mais informações: Historical carbon fluxes in the expanding deforestation frontier of Southern Brazilian Amazonia (1985–2012)
Imagem: figura 1 do estudo - BR-163 e área de influência
Preservar os estoques de carbono florestal da Amazônia é indispensável para a mitigação do aquecimento global, afirma o estudo. Mas a Amazônia brasileira passou por um período de intenso distúrbio entre a década de 1960 e meados da década de 2000. Estima-se que o desmate na Amazônia Legal alcançou mais de 760.000 km2 até 2014, mais de três vezes o tamanho do estado de São Paulo.
Apesar dos esforços do governo brasileiro terem reduzido significativamente o desmatamento, as taxas de desmate subiram recentemente. Durante a década de 2.000, a quantidade anual de emissões da Amazônia brasileira ficou entre 0,10-0,15 gigatoneladas de carbono.
As emissões de carbono pela vegetação são causadas por outros fatores além do desmate. Um deles é a degradação e a fragmentação da floresta, provocando o chamado 'efeito de borda'. Após o desmatamento, as árvores das extremidades do fragmento florestal remanescente ficam expostas às condições climáticas - como o vento e a luz do sol - e a outros fatores biológicos e químicos.
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Gráfico com a estimativa da área desmatada anualmente na Amazônia brasileira. Fonte: INPE. |
Sob as novas condições, as árvores da extremidade do fragmento florestal podem morrer. A consequência é uma alteração na estrutura da floresta e na composição das espécies, com redução da diversidade, do porte e diâmetro das árvores, entre outros. O efeito de borda provoca a perda de biomassa e, com isso, também a emissão de gases de efeito estufa.
Os cientistas investigaram as emissões de carbono ao longo de 28 anos na área de influência da BR-163, entre os estados de Mato Grosso e Pará. Combinando o mapeamento da cobertura vegetal da região entre 1984 e 2012 com um modelo computacional da vegetação do INPE, estimaram as emissões históricas causadas tanto pelo desmatamento direto quanto pela fragmentação da floresta e o efeito de borda.
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Fragmento de floresta junto a uma área desmatada. O efeito de borda ocorre nas extremidades do fragmento. Fonte: Flickr - Felipe Werneck, Ascom/Ibama. |
A quantidade de fragmentos também subiu consideravelmente ao longo dos anos. Com isso, também subiu a área de floresta exposta aos efeitos de borda. De 584 km2, essas áreas aumentaram quase dez vezes ao longo dos 30 anos avaliados, passando para 5.727 km2 em 2012.
A partir dos dados, foi estimado que a área de influência da BR-163 perdeu 36% da biomassa florestal entre 1984 e 2012. A emissão de CO2 para a atmosfera totalizou 1.571,38 teragramas. As emissões aumentaram até o ano de 2004, quando ocorreu o pico do desmatamento na área, chegando no ano a 103,13 teragramas de CO2. O Mato Grosso representou 65% das emissões totais e o Pará os restantes 35%.
O estudo mostrou a influência da BR-163 no desmatamento regional. Ao longo do período de estudo, a área estudada respondeu por 42% do total de biomassa desmatada em Mato Grosso, mesmo correspondendo a menos de 10% da área total do estado. Além disso, enquanto a taxa de desmatamento na Amazônia brasileira caiu para 70% dos níveis registrados entre 1996 e 2005, essa queda foi de apenas 35% na área de influência da BR-163.
Mais informações: Historical carbon fluxes in the expanding deforestation frontier of Southern Brazilian Amazonia (1985–2012)
Imagem: figura 1 do estudo - BR-163 e área de influência
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