Entre 1993 e 2012, as mudanças climáticas diminuíram em um terço o potencial da floresta amazônica de sequestrar o carbono por meio da rebrota de biomassa em áreas que sofreram algum tipo de distúrbio, apontou estudo de pesquisadores do Reino Unido e da China.
O sequestro de carbono pelos ecossistemas terrestres reduz em cerca de 25% as concentrações atmosféricas dos gases de efeito estufa emitidos pelas atividades humanas, afirmam os cientistas. As florestas tropicais contribuem significativamente para o sequestro de carbono, contribuição que vem sendo comprometida por causa ao desmatamento.
É desafiador, todavia, quantificar os impactos do desmatamento na capacidade de sequestro de carbono da floresta. As áreas desmatadas e do volume associado de perda de carbono podem ser calculadas por meio de satélites. O mesmo não ocorre com a rebrota da vegetação em áreas previamente desmatadas, que compensam parcialmente as perdas de carbono causadas pelo desmatamento.
O estudo utilizou um método de levantamento da biomassa da floresta, determinando e quantificando as perdas causadas pelo desmatamento ou degradação. A biomassa é a quantidade de matéria orgânica produzida em uma área específica – como, por exemplo, a massa constituída por folhas, troncos e raízes das árvores. A partir da biomassa, calcula-se a quantidade de carbono armazenada na área.
Utilizando um modelo computacional, os cientistas simularam as condições climáticas entre os anos de 1993 e 2012, de modo a quantificar a quantidade de carbono que estaria armazenado caso nenhuma interferência humana tivesse ocorrido. Então, calcularam as perdas causadas pelo desmatamento e a degradação da floresta, tendo como base observações de satélite.Os resultados sugeriram que a capacidade de armazenamento da floresta amazônica diminuiu em função das condições climáticas. O motivo estaria ligado a uma transição do clima regional para condições de maior estresse hídrico por volta do ano 2002. A transição coincide com o episódio do El Niño de 2002-2003, ao qual se seguiram os eventos de seca de 2005 e 2010.
Dessa forma, diminuiu a capacidade de recuperar a biomassa perdida em áreas desmatadas e degradadas. Ao longo do período analisado, o estudo calculou uma perda de 2,2 gigatoneladas de carbono em biomassa. Em função das condições climáticas, foi estimado que as áreas perturbadas deixaram de absorver cerca de 0,7 gigatoneladas de carbono na forma de rebrota de biomassa.
O estudo alertou para os impactos que o uso e alteração dos solos tem sobre a floresta amazônica, refletindo-se na quantidade de carbono armazenado. Ao mesmo tempo, evidenciou como o clima pode prejudicar processos naturais de rebrota, suscitando preocupações sobre a resiliência a longo prazo da Amazônia.
Mais informações: Exbrayat, J., Liu, Y.Y. & Williams, M. Impact of deforestation and climate on the Amazon Basin’s above-ground biomass during 1993–2012. Sci Rep 7, 15615 (2017).
Imagem: Flickr/ Felipe Werneck – Ascom/Ibama
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