Contudo, a migração dos peixes varia de acordo com cada uma das espécies, pois depende da tolerância térmica. Há espécies capazes de suportar um certo aumento da temperatura, e há aquelas que demandam uma temperatura específica.
Estudos anteriores geralmente avaliavam os impactos sobre uma determinada espécie. Com isso, um importante aspecto deixava de ser analisado: a interação entre predadores e presas.
Um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos analisou como a interação predator-presa poderia ser afetada. O foco do estudo foi a região do Atlântico na costa nordeste do país, considerando quatro tipos de peixes predadores e quatro tipos de presas.
A região do estudo atravessa um rápido aquecimento das águas, e projeções sugerem que irá aquecer de duas a três vezes mais do que a média global.
Foi analisada a distribuição geográfica das espécies na região ao longo do período compreendido entre 1968 e 2014. Buscou-se identificar se as áreas ocupadas por diferentes predadores e presas se sobrepunham, o que indicaria a possibilidade de interações predator-presa ocorrerem.
Os pesquisadores também realizaram uma projeção de aquecimento para um cenário futuro no qual a concentração atmosférica de CO2 alcançasse o dobro do nível pré-industrial, e examinaram novamente a distribuição geográfica das espécies.
Os resultados indicaram que tanto as espécies predadoras quanto as presas mudaram sua distribuição em resposta ao aquecimento.
No caso do bacalhau, a espécie de peixe predadora dominante nessa região do Atlântico, observou-se entre 1968 e 2014 um declínio na sobreposição da área ocupada por ele e pelas espécies das quais se alimenta.
Essa tendência continuará no futuro. Isso se deve porque o bacalhau possui uma baixa tolerância térmica, constituindo uma das espécies que deverá migrar para locais de águas mais frias.
Por outro lado, outras espécies predadoras mais tolerantes ao aquecimento expandirão a área ocupada e, consequentemente, a área sobreposta àquela de suas presas. Assumirão maior relevância no papel ecológico de predadores.
Os resultados do estudo ressaltam a necessidade de basear o gerenciamento da pesca sobre o ponto de vista dos ecossistemas. As mudanças climáticas podem trazer impactos sobre os estoques de peixe de determinada espécie, mas também impactos sobre a interação entre as espécies.
Para evitar grandes impactos no ecossistema, é preciso considerar também a interação predator-presa no manejo da pesca.
Fonte: The Nippon Foundation – University of British Columbia
Mais informações: Selden, R. L., Batt, R. D., Saba, V. S., & Pinsky, M. L. (2018). Diversity in thermal affinity among key piscivores buffers impacts of ocean warming on predator–prey interactions. Global change biology, 24(1), 117-131.
Imagem: Pixabay

Comentários
Postar um comentário